Por Patrícia Maíra
- Atualizado
publicado em Doenças

Piodermites profundas

Assim como nas infecções bacterianas superficiais, nas infecções profundas a microflora cutânea normal se multiplica de forma errada e as bactérias que residem na pele mais comuns são a Staphylococcus epidermidis e Staphylococcus intermedius, algumas outras são transitórias como a Proteus spp., Ercherichia coli, Pseudonomas spp. A contagem total de bactérias aeróbias na pele normal é 10 a 103/cm2, em um animal com seborréia, por exemplo, ela aumenta para 103 a 107/cm2. As infecções bacterianas de pele são classificadas como superficiais e profundas.

As piodermites profundas tem um envolvimento mais profundo do folículo piloso, pode haver invasão da derme e do panículo. Pode ser uma infecção primária ou pode iniciar secundária a alguma dermatopatia de base e ou após uma piodermite superficial primária ou secundária.

pastor alemãoExistem vários tipos de piodermite profundas descritas a seguir:

- Foliculite, furunculose e celulite: é uma infecção folicular crônica e recidivante, onde pode acontecer o rompimento do folículo causando furunculose e se houver alteração na microcirculação e aumento de tecido fibroso é chamada de celulite. Alguns casos a causa é infecciosa, mas na maioria é inflamatória. Acomete cães de meia idade e é muito comum em pastor alemão e bulls. Não coça, se coçar pode ser secundária a alguma alergia. É rara em gatos, quando acontece acomete região de cabeça e queixo e é geralmente secundária a alergia a saliva de pulgas.

hotspot- Foliculite piotraumática: também conhecida como dermatite úmida aguda ou “hot spot”, é caracterizada por um eczema úmido e agudo causado por traumatismo.  Coça muito e inicia por picadas de insetos.

- Foliculite e furunculose nasal: também chamada de furunculose eosinofílica da face, acomete ponte nasal, mas em cães dolicocefálicos e mesocefálicos. É idiopática e feita por traumatismo na região e picadas de insetos. Costuma ter resolução rápida.

- Piodermite do queixo: caracterizada pela formação de acnes na região de queixo, tem caráter inflamatório crônico, podendo ter infecções secundárias. Acredita-se que aconteça por traumatismos e hormonal, pois acontece em animais jovens. É indolor e não coça. 

furunculose acral por lambedura- Foliculite e furunculose podais: feita por traumatismo em membros, pode ser causada por corpos estranhos, tumores, dermatopatias primárias (Demodiciose, foliculite, furunculose e celule). Quando tiver infecções bacterianas são sempre secundárias. O tratamento é difícil pela região que é acometida.

- Furunculose acral por lambedura: normalmente é secundária a dermatose psicogênica, podendo ter alergia associada e de base. Deve-se corrigir a causa base após identificar o problema psicogênico, como dar mais atenção ao animal, levar para passear.

abscesso subcutâneo felino- Abcessos subcutâneos: mais comuns em felinos, secundários a mordeduras e arranhaduras. Comum em face, região cervical e membros A cicatrização costuma ser rápida. Deve-se drenar o abcesso e lavar com antibióticos. Como acontece geralmente em machos, por saírem para brigar na rua, a castração desses animais é indicada.

Existem outros dois tipos de infecções profundas que é a micobacteriose e a nocardiose que serão retratadas mais detalhadamente em um próximo artigo.

Diagnóstico

citologia bactérias cocosO diagnóstico, além do clínico, é feito através da citologia, histopatologia e cultura bacteriana. Na citologia e histopatológico poderão ser observadas as bactérias e suas formas e porções da pele atingidas, mas não é possível identificar qual é a bactéria envolvida, para isso é preciso fazer uma cultura, que também poderá ser testada para os vários antibióticos existentes, para saber qual é resistente ou sensível a aquela bactéria, auxiliando na escolha do tratamento.   

Tratamento

Banhos terâpeuticosSe a infecção for secundária, a causa subjacente deve ser sempre tratada para o sucesso do tratamento. É importante fazer tricotomia dos pêlos dos animais para melhorar a terapia tópica. A terapia tópica é feita com xampús, cremes, pomadas, aerossóis e sprays antibacterianos. A terapia sistêmica é feita com o uso de antibióticos, as piodermites profundas com envolvimento inflamatório devem ser tratadas com antiinflamatórios também.

Nas piodermites profundas crônicas recidivantes o uso de antibióticos em pulsoterapia permanente (baixas doses em dias específicos da semana) pode ser recomendada. Em caso de piodermites primárias a imunoterapia pode ser indicada.