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publicado em Doenças
Também conhecida como síndrome de cushing é a doença mais comum que o endocrinologista veterinário atende hoje em dia. O hiperadrenocorticismo leva a sinais clínicos e às anormalidades bioquímicas que resultam de exposição crônica a um excesso de glicocorticoides.
O cortisol no organismo promove energia, tem ação antagonista a insulina, é um anti-inflamatório excelente e imunossupressor em doses altas.
As adrenais são as glândulas que produzem os glicocorticoides e são estimuladas pela hipófise. Nos animais que desenvolvem hiperadrenocorticismo a causa mais comum é por um adenoma na hipófise, seguido de tumores nas adrenais e por último iatrogênico que é pelo uso excessivo de glicocorticoides sintéticos. Hoje sabe-se que o uso de corticóides por mais de 7 dias altera o eixo de produção normal do organismo.
As raças predispostas são poodle, yorkshire, maltês, labrador, golden retriever e rottweiler.
Sinais e Sintomas
Os sintomas iniciais são o aumento do apetite pela ação antiinsulinica que o cortisol promove, pois o tecido não vai receber glicose suficiente e vai mandar uma mensagem para o cérebro que precisa de comida, muitos animais são obesos por isso. Outros sinais iniciais são o aumento de ingestão de água e a micção em grande quantidade, isso acontece, pois o cortisol em excesso vai inibir um hormônio anti-diurético e altera a taxa de filtração renal.
Acontece o aumento do fígado pelo acúmulo de gordura e ele poderá comprimir o diafragma causando dificuldades respiratórias. Haverá atrofia muscular primeiro de membros posteriores e depois anteriores pelo aumento do catabolismo proteico, e é comum em consequência disso a ruptura de ligamentos e luxação de patela.
Outro achado comum é o abaulamento abdominal, que também acontece pelo catabolismo proteico que vai diminuir a elasticidade da pele.
Há alterações na pele também como alopecia, a pele fica fina e sem elasticidade deixando que os vasos fiquem aparentes, aparecem bastantes comedões (cravos) e pode ter calcinose (acúmulo de cálcio, caspas). Pode aparecer infecções bacterianas secundárias e demodiciose.
Em fêmeas o intervalo entre cios é prolongado e em machos acontece atrofia testicular.
Como complicação pode haver hipertensão que pode levar a hemorragia intra-ocular, deslocamento de retina, aumento do ventrículo esquerdo do coração, insuficiência cardíaca e glomerulopatias nos rins. 20% dos casos desenvolvem diabetes mellitus, pode haver também infecção renal e cálculos urinários pela imunossupressão. Pode haver sinais de sistema nervoso central como apatia, inapetência, anorexia, desorientação, cegueira e intranquilidade e pode acontecer a síndrome cortical que gera crises epilépticas, andar compulsivo e alterações de comportamento. O animal poderá desenvolver paraneoplasias, pancreatite e tromboembolismo.
Diagnóstico
Como visto nos sinais o hiperadrecorticismo meche com o organismo todo e consequentemente vários exames poderão estar alterados também. Por isso vários exames são feitos como hemograma, bioquímicos, urina, radiografias e ultrassom para observar essas alterações. O exame ultra-sonográfico poderá revelar a neoplasia de adrenal se for essa a causa.
O diagnóstico definitivo se dá por um teste de supressão por doses baixas de dexametasona, onde o sangue será retirado e após 8 horas da aplicação de dexametasona em dose baixa também e os dois serão testados.
Tratamento
Nenhum dos sinais e sintomas encontrados vão melhorar se tratados isoladamente sem que faça o tratamento do hiperadrenocorticismo em si.
O tratamento é feito com quimioterápico que tem tropismo pelo córtex da adrenal ou com um inibidor da enzima 3-beta hidroxiesteróide desidrogenase. Vários exames deverão ser feitos durante o tratamento para acompanhar se o cortisol não está baixando muito e para ver a melhora dos outros sistemas. Os casos de diabetes e outros sintomas que não respondem só com o tratamento do hiperadrenocorticismo deverão ser tratados. Dietas com baixa gordura são indicadas.
Quando for um tumor na adrenal e o animal não responder a outros tratamentos a adrenalectomia é indicada.