Hepatite Infecciosa Canina

A hepatite infecciosa canina é uma doença transmitida entre cães que pode ser bem grave e pode ser prevenida pela vacina V10

Por Patrícia Maíra

publicado em Doenças

[Image]

Continuando a série sobre as doenças que a vacina polivalente V10 previne em cães, hoje vou falar sobre a hepatite infecciosa canina.

Assim como na traqueobronquite infecciosa canina, a hepatite infecciosa é transmitida por um vírus do grupo Adenovírus, mas ela é transmitida pelo Adenovírus tipo 1, enquanto a traqueobronquite é pelo adenovírus tipo 2.

A viremia inicia por exposição oronasal ao vírus em animais infectados e então as células de defesa (células de Kupffer) vão replicar e dispersar o vírus no fígado e endotélio e irá causar dano nas células do fígado.  Se os anticorpos tiverem uma resposta adequada haverá uma limpeza dos órgãos em 10-14 dias, mas eles continuam nos túbulos renais e serão eliminados na urina após 6 a 9 meses. Pode haver hepatite crônica quando a resposta dos anticorpos for parcial. Pode acontecer a lesão ocular citotóxica por uveíte anterior observada pela coloração azulada nos olhos.

Predisposição

Acomete cães principalmente não vacinados e é mais comum em filhotes, não há predominância racial ou sexual.

Sinais Clínicos

Os sinais clínicos dependem muito do estado imunológico do animal e do quando o vírus lesou e intoxicou o organismo. Poderão acontecer 4 situações:

Sinais hiperagudos: febre, alterações neurológicas, coagulação intravascular disseminada, colapso vascular e o animal poderá ir a óbito em poucas horas.
Sinais agudos: haverá febre, anorexia, letargia, dor abdominal, vômitos, diarréia, aumento do fígado, formação de líquido no abdómen, vasculite observada por manchas na pele avermelhadas ou azuladas, coagulação intravascular disseminada, aumento de linfonodos e raramente encefalite não suporativa.
Sem complicações: letargia, anorexia, febre transitória, amigdalite, vômitos, diarreia, dor abdominal e aumento de linfonodos e fígado.
Tardia: 20% dos animais que tiveram a infecção desenvolvem uveíte anterior e edema de córnea 4-6 dias após infecção, podendo progredir para glaucoma e ulceração da córnea.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito pelos sintomas clínicos e alterações no hemograma, função hepática, urinálise, provas de coagulação, radiografia e ultra-sonografia abdominal e por biópsia hepática. Há testes sorológicos para anticorpos contra o Adenovírus tipo 1, mas que podem aparecer também em animais vacinados e por isolamento viral nos órgãos infectados.

Tratamento

O tratamento ideal é com o animal internado, onde será monitorado 24 horas e irá receber fluidoterapia, terapias de acordo com os sintomas observados, suporte nutricional adequado, antibioticoterapia, hepatoprotetores e antioxidantes.

Prevenção

A prevenção é feita pelo não contato de animais desconhecidos que possa estar infectados com o vírus, mas principalmente através da vacinação pela vacina V10, que previne a infecção de 10 doenças em cães, incluindo a hepatite infecciosa canina.

A vacina tem o vírus atenuado e deve ser feita em todos animais saudáveis, com a dose à partir de 6 semanas de idade, antes dessa idade não é recomendado aplicação dessa vacina, pois os anticorpos maternos ainda estão protegendo o animal e a vacina não vai adiantar. Por isso também deverão ser feita mais 2 doses de vacina em um intervalo mínimo de 21 dias para ter certeza que os anticorpos maternos não neutralizem a vacina. Em animais adultos uma dose anual é suficiente e eficaz.