Por Patrícia Maíra
- Atualizado
publicado em Saúde

Demodiciose

No Brasil, as dermatopatias parasitárias representam aproximadamente 20% dos casos dermatológicos atendidos e podem envolver a pele e ouvido. Dentro deles há a demodiciose também conhecida como sarna demodécica, sarna negra ou sarna folicular.  Em gatos é muito rara e acontece concomitante com outras doenças.

Demodiciose canina

cadela amamentandoEm cães pode ter mais de um ácaro causador da doença, mas o mais comum é o ácaro Demodex canis. Esses agentes habitam a glândula sebácea e o local onde sai o pêlo, que chamamos de folículo piloso. É integrante da microbiota normal da pele, se alimenta de sebo e debris epidérmicos da descamação normal da pele. São transmitidos verticalmente, ou seja, da mãe para os filhotes, nas primeiras horas de vida, através do contato materno e da amamentação. Os animais que desenvolvem a doença vão ter uma superpopulação desses ácaros que começarão a causar dermatopatias. Não se sabe muito bem por que isso acontece, a teoria mais aceita hoje é de que alguns animais herdam dos pais a inibição de células da defesa do organismo, nesse caso os Linfócitos T, que causará uma baixa imunidade em relação a esse ácaro específico que irá deixar à pele desse animal favorável a reprodução e crescimento dos ácaros, e então até um ano o animal vai manifestar a doença.  

Forma localizada

Forma localizadaExiste a forma localizada da doença, que poderá apresentar de uma a seis lesões alopécicas (sem pêlo) circunscritas, avermelhadas e descamativas. Os animais podem ter ou não coceira e quando ocorre geralmente é devido a infecções bacterianas secundárias. Geralmente localizam-se na cabeça, membros e tronco e alguns animais só apresentam otite ceruminosa. A idade de início varia de 3 a 6 meses de idade normalmente. A cura é espontânea se não for tratada e dificilmente haverá recidiva. Poucos casos evoluem para a forma generalizada.

Forma generalizada

forma generalizadaA forma generalizada pode ser grave, mais de um segmento corpóreo vai estar acometido e há mais de 12 lesões. Geralmente acomete cabeça, tronco e membros e poupa abdómen ventral. Manifesta-se com 3 a 18 meses e observam-se caspas, queda de pêlo (alopecia), as infecções bacterianas secundárias podem ser observadas por espinhas, crostas e secreções purulentas.  Cravos (comedos) também são frequentemente observados e quando há evolução maior da doença haverá aumento de linfonodos, inchaço e o animal pode ficar prostrado. Em alguns animais como o bulldog francês, podem-se observar nódulos.

Também pode haver cura espontânea, mas evolui para uma doença crônica no adulto quando não tratada corretamente. Adultos podem manifestar se tiver doenças que causam imunossupressão como o hipotireoidismo, heradrenocorticismo e neoplasias. Fêmeas não castradas podem manifestar a doença no cio, pois há queda da imunidade nesse período.

Diagnóstico

demodex canisPodemos diagnosticar a doença pelo histórico do animal, exame físico e exame parasitológico de raspado cutâneo onde serão observados os ácaros. Alguns casos como no Sharpei, o exame parasitológico pode não ser suficiente, pois o animal tem a pele muito grossa e será necessário biopsiar a pele para exame histopatológico para fechar o diagnóstico.

Tratamento e Controle

O tratamento é feito com acaricidas tópicos ou sistêmicos, o veterinário irá indicar o melhor para cada caso. Deverão ser tratadas as infecções secundárias. Alguns xampús ajudam a remover os debris celulares e podem ser indicados para auxiliar o tratamento. O animal só receberá alta do tratamento quando houver 3 exames parasitológicos de raspado cutâneo negativos, feitos em um intervalo mínimo de 15 dias entre cada exame, mesmo que a pele do animal já esteja normal. Se não houver recidivas após 12 meses da interrupção do tratamento o animal será considerado então curado.

É importante realizar a esterilização de todos os animais que manifestarem a demodiciose para impedir que essa doença continue sendo perpetuada para seus descendentes.